A B3 divulgou os seus destaques operacionais referentes a março de 2024 e os números vieram, de uma forma geral, pouco entusiasmantes.
Nos destaques do mês em análise, o volume financeiro médio negociado na B3 no segmento de ações totalizou R$24,558 bilhões. Conforme uma redução de 5,6% em relação a março de 2023 e de 7,2% em comparação com fevereiro de 2024.
Entre os destaques, podemos apontar que o número de investidores CPFs individuais atingiu 5,094 milhões. Uma diminuição de 3,3% na comparação anual e elevação de 0,6% em relação a fevereiro de 2024.
Por sua vez, o número de empresas listadas terminou o mês em 443. Uma leve diminuição em comparação a março do ano passado e em estabilidade com o mês imediatamente anterior.
Do mesmo modo, a capitalização de mercado média dessas empresas atingiu R$4,5 trilhões. Aumento de 17,2% na comparação anual e retração de 1,3% na comparação mensal, em linha com a recente deterioração dos ativos de risco brasileiros.
Já nas operações de renda fixa da B3, os destaques reportados foram mais positivos. O estoque da renda fixa no referido mês totalizou R$6,2 trilhões. Elevação de 15,5% na comparação anual e retração de 0,1% em relação a fevereiro de 2024. Ao passo que o estoque do Tesouro Direto, especificamente, totalizou R$135 bilhões, aumento de 23,4% na comparação anual e de 0,9% no comparativo mensal.
Todavia, as novas emissões de renda fixa, em março, totalizaram R$1,3 trilhão, redução de 12,9% na comparação anual e aumento de 7,2% em relação a fevereiro do ano em curso.
Assim, percebe-se que a maior parte das linhas de resultado da B3 ainda seguem pressionadas pelo alto nível da taxa básica de juros da economia, porém a diminuição dos juros em curso tende a favorecer os futuros resultados da bolsa brasileira.
Como foram os últimos destaques da B3?
Agora, no 4T23, o lucro líquido atribuído aos acionistas da B3 atingiu R$915,5 milhões, queda de 8,8% na comparação anual. Excluindo os itens não recorrentes destacados abaixo, o lucro líquido teria atingido R$1.057,7 milhões no trimestre. 8,2% abaixo do mesmo período do ano anterior, refletindo os efeitos explicados anteriormente.
Por sua vez, o resultado financeiro foi positivo em R$24,5 milhões no 4T23. Redução de 49,5% em relação ao 4T22 e de 37,3% em comparação ao 3T23. De acordo com a companhia, o resultado financeiro foi impactado pelos efeitos da variação cambial sobre os empréstimos em moeda estrangeira e sobre os investimentos no exterior que a empresa possui, sendo este impacto neutralizado pela variação na linha de imposto de renda e contribuição social.
Já o EBITDA recorrente totalizou R$1.459,6 milhões. Uma queda de 10,3% na comparação anual, ao passo que a margem EBITDA recorrente foi de 65,1%, queda de 540 bps. Em relação ao 3T23, houve queda de 9,8% com redução de 721 bps na margem.
4T23 para a B3
No 4T23, a B3 apresentou receita total de R$2,5 bilhões, em linha com o trimestre anterior e 2,9% abaixo do 4T22. Vale destacar que os crescimentos das despesas totais de 9,9% e 18,9% em relação ao 4T22 e 3T23, respectivamente, foram impactados principalmente por despesas incorridas com a operação da plataforma do programa Desenrola e contribuições relativas à atividade de autorregulação para fazer frente às necessidades de caixa, pelo menos, dos próximos dois anos.
Por seu turno, o volume financeiro médio diário negociado (ADTV) em ações totalizou R$24,3 bilhões no 4T23, uma alta de 2,0% na comparação com o 3T23, refletindo uma ligeira recuperação na atividade do mercado de capitais após um período sazonalmente mais fraco, mas uma queda de 24,8% em relação ao 4T22, principalmente devido às eleições de 2022 que impactaram os volumes do segmento nesse período.
De acordo com a companhia, ainda que tenham ocorrido reduções na taxa de juros ao longo do ano no Brasil, o nível de juros ainda elevado não permitiu que o segmento de Ações e Instrumentos de Renda Variável apresentasse recuperação consistente no 4T23.
Em derivativos listados, o volume médio diário negociado (ADV) totalizou 6,2 milhões de contratos, alta de 4,8% e 35,7% em relação ao 3T23 e ao 4T22, respectivamente, principalmente devido ao desempenho positivo dos contratos de taxas de juros em R$. No segmento de balcão, o cenário de taxas de juros mais altas continuou favorecendo os volumes com crescimento de 14,3% no estoque de instrumentos de renda fixa e de 26,4% no estoque do Tesouro Direto em relação ao 4T22.
Por fim, vale ressaltar que as distribuições do trimestre totalizaram R$1,4 bilhão, sendo R$500 milhões em recompras, R$604 milhões em dividendos, incluindo R$374 milhões deliberados no dia 22/02/2024, e R$334 milhões em juros sobre capital próprio. No ano, as distribuições somaram R$5,0 bilhões, representando um payout de 122%.
E você investe na B3? Posta abaixo nos comentários!
Milton Rabelo
Analista CNPI 2444