O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 6,25% ao ano. Para a próxima reunião, o Comitê contratou mais um ajuste de 1,00 ponto percentual, com a taxa de juros atingindo 7,25%.
O movimento foi em linha com as expectativas do mercado e não houve surpresas relevantes no comunicado.
Talvez o único trecho do comunicado que podemos avaliar como uma possível “novidade” é o seguinte: “neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance no território contracionista.”
A interpretação é de que o Banco Central está cada vez mais disposto a buscar patamares mais elevados na taxa de juros para controlar a inflação.
Esse é o tom que o BC vem adotando nas últimas reuniões, revertendo a visão mais antiga no qual citava sobre cenário expansionista.
A aceleração no ritmo de ajuste na política monetária é reflexo dos últimos dados de inflação, no qual o IPCA apresentou uma alta de 0,87% em agosto, ficando acima da expectativa do mercado que era alta de 0,71%.
Primeiramente, é importante entender que o Banco Central se importa apenas com a inflação de 2022, visto que os ajustes na taxa de juros demoram bastante para refletir no mercado.
O ponto é que com os dados de inflação que citamos acima, o mercado começou a revisar para cima a expectativa de inflação para 2022, atingindo 4,10% atualmente.
Nesse contexto, vale lembrar que a meta de inflação para 2022 é de 3,50%, portanto, a expectativa atual de uma inflação de 4,10% para o próximo ano preocupa o cumprimento da meta.
Portanto, o Banco Central acertou em elevar a taxa de juros em 1,00 ponto percentual, uma vez que a inflação ao consumidor continua persistente e com os preços de serviços e bens industriais pressionando.
Nossa visão do comunicado é de que o Banco Central está com bastante dúvida em relação ao cenário econômico do Brasil e do Mundo, o que torna necessário aguardar os próximos dados de inflação e atividade para tentar entender qual será efetivamente a nova direção da política monetária.
Vale acompanhar qual será o desempenho da inflação de Serviços diante a reabertura econômica, além da desaceleração nas economias asiáticas, uma vez que o Brasil é um grande exportador de commodities para a China.
Por um lado, a desaceleração da economia chinesa pode impactar negativamente a atividade no Brasil, mas por outro lado, pode tirar a pressão inflacionária originada pelas commodities.
Por fim, acreditamos que a taxa de juros encerre o ano de 2021 entre 8,00%-8,25%, um patamar mais saudável para controlar a inflação.