Devido às dificuldades políticas envolvendo o acerto do orçamento federal, os serviços governamentais nos Estados Unidos podem ser paralisados, sendo que esta paralisação é chamada de shutdown. Para que isso não ocorra, o Congresso americano precisa aprovar um projeto de lei antes de 1 de outubro. Cabe ressaltar que a última vez que isso ocorreu foi em 2019. As últimas três paralisações do governo dos EUA custaram aos contribuintes quase US$ 4 bilhões, sendo US$3,7 bilhões em salários. Em 2019 estima-se que o PIB foi reduzido em US$11 bilhões.
As principais paralisações que já ocorreram foram as seguinte:
Se houver um shutdown, o governo dos Estados Unidos dispensa milhares de funcionários até que ele encerre a paralisação. Apesar de os funcionários não receberem pagamento durante este período, uma lei aprovada em 2019 garante a compensação e o pagamento dos salários atrasados.
Pensando nos diversos setores da economia americana e o impacto nos investimentos, alguns pontos importantes são:
Serviços militares
Os Estados Unidos têm 2 milhões de militares que permaneceriam em seus postos, entretanto, dispensariam 800 mil funcionários do Pentágono. Contratos antigos continuam em vigor, porém o governo não concede novos contratos, renovações e prorrogações. Com isso, empresas como a Boeing (NYSE: BA), Lockheed Martin (NYSE: LMT) e RTX (NYSE: RTX) podem sofrer impactos em seus resultados do último trimestre, além da demora em confirmar contratos que estão em negociação. Ou seja, as ações dessas companhias podem apresentar maior volatilidade.
Parques nacionais e museus
Durante a paralisação de 2018 e 2019, a maior da história, muitos parques e museus permaneceram abertos. Isso implica que o turismo pode sofrer impacto se esses locais permanecerem fechados.
Serviços financeiros
Um órgão importante como a SEC pode reduzir em 90% seu efetivo, reduzindo atividades ao mínimo. Isso pode afetar processos com as companhias de capital aberto.
Dados econômicos
A publicação dos principais dados econômicos dos EUA, incluindo relatórios de emprego e inflação que são divulgados pelo Bureau of Labor Statistics (BLS) e Bureau of Economic Analysis (BEA) podem ser suspensos. Este é um ponto de extrema importância para o mercado, pois estas são as principais fontes de informação do mercado para se atualizar com relação à economia americana e as próximas decisões do Fed. Caso informações importantes não sejam divulgadas, o mercado pode reagir de forma negativa no curto prazo.
Eleições
Assim, é importante destacar que os Estados Unidos já pensam na eleição presidencial de 2024. Uma paralisação longa pode ser um ponto importante para o partido republicano, que busca retomar a presidência.
Como é encerrada uma paralisação?
Assim, é responsabilidade do Congresso financiar o governo. A Câmara e o Senado têm de concordar em financiar o governo de alguma forma, e o presidente tem de transformar a legislação em lei.
O Congresso se apoia na chamada resolução contínua, que fornece dinheiro provisório para os órgãos. Com isso, os republicanos, que estão sendo linha-dura com o atual governo, consideram este projeto de curto prazo não interessante. A paralisação pressiona para que todos os 12 projetos de lei que financiam o governo sejam aprovados.
Com isso, a solução passa por negociações políticas e interesse dos partidos.
Investimentos
Pensando nos investimentos, pode haver um impacto de curto prazo na curva de juros, pois a falta de dados econômicos e a paralisação de importantes setores pode afetar no consumo e no PIB americano. Além disso, se uma eventual paralisação durar mais tempo, por exemplo, como os 35 dias em 2019, os dados econômicos que seriam divulgados podem ser anunciados muito próximo da reunião do Federal Reserve, agendada para 1 de novembro. Como o Fed tem uma postura de atuar conforme os dados mais recentes, isso pode afetar a decisão do comitê.
Dessa forma, no curto prazo o mercado pode buscar por mais segurança, ou seja, aumentando a demanda por títulos de menor prazo. Porém, como ao longo dos meses a situação tende a se regularizar, o mercado deve continuar mais sensível aos eventos macroeconômicos, tais como a redução da inflação, preço do petróleo e seu impacto no custo da energia e como o Fed irá seguir com sua política econômica. Para o investidor brasileiro, é importante também acompanhar a cotação do dólar, pois a tendência neste período é a de que o dólar se valorize em relação a outras moedas.
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Guilherme Morais
Analista CNPI 2682