Em meio a tantas notícias e incertezas a respeito da crise do setor bancário que iniciou com a falência do Silicon Valley Bank (SVB) e resultou também na venda do Credit Suisse para o UBS Group, diversos bancos tais como o JP Morgan, Bank of America, Citi entre outros surgem como alternativas para auxílio aos bancos de menor porte, aumentando a liquidez das instituições e reduzindo o risco sistêmico para outros nomes.
O First Republic Bank recebeu auxílio de 11 bancos que colocaram US$30 bilhões de seus próprios fundos em depósitos no banco em dificuldades. Mesmo assim, suas ações caíram mais de 30% em um dia e acumulam queda de mais de 80%.
Mas além dos principais bancos, surge agora um importante personagem para esta história: Warren Buffett. Mas se lembrarmos de alguns pontos importantes de outras crises, veremos que seu nome não causa surpresa para a atual crise.
Durante o final de semana, principalmente durante o domingo, 19/03, surgiram notícias de que Warren Buffett, CEO da Berkshire Hathaway, conversou com o governo Biden sobre a crise bancária, além da publicação a respeito de jatos particulares que chegaram a Omaha neste fim de semana. O governo Biden busca por outros meios possíveis para acalmar o mercado.
Crise? Chame Warren Buffett
Em algumas ocasiões nos últimos 20 anos, diversas empresas em crise buscaram a Berkshire por capital e acreditando no “Selo de Aprovação Buffett” que serviria como um atestado de qualidade e menor percepção de risco.
Principalmente entre os anos de 2008 e 2009, durante a crise do sub-prime, a Berkshire aproveitou a força de seu balanço patrimonial e caixa robusto para comprar a participação de diversos negócios que estavam em crise. Em particular vimos o Goldman Sachs, dois dias depois de se tornar uma holding bancária em setembro de 2008, anunciar uma oferta privada à Berkshire Hathaway pela qual a seguradora compraria US$5 bilhões em 10 % de ações preferenciais perpétuas emitidas pelo Goldman. Como parte do acordo, a Berkshire também recebeu diversas garantias para comprar 43,5 milhões de ações ordinárias do Goldman por US$ 5 bilhões (US$ 115 por ação).
Isso se tornou uma forte demonstração de apoio ao Goldman em um momento em que os mercados estavam um caos, principalmente porque Buffett evitou investimentos em bancos de investimento após sua própria experiência com o Salomon Brothers cheio de escândalos no início dos anos 1990.
A Berkshire intensificou novamente no início de setembro de 2011, quando o Bank of America buscou uma tábua de salvação que fez a seguradora investir US$ 5 bilhões em ações preferenciais perpétuas de 6%, além de receber garantias para comprar 700 milhões de ações ordinárias por US$ 5 bilhões (US$ 7,14 por Ação). O investimento foi visto como um grande voto de confiança no Bank of America, que era pressionado por crescentes custos legais decorrentes da crise financeira de 2008-09, bem como dúvidas sobre a força de sua base de capital, fazendo com que as ações da empresa disparassem.
Atual crise
Dessa forma, é esperado que Berkshire se comporte da mesma maneira caso empresas reportem novas dificuldades operacionais. No curto prazo, a operação deve garantir liquidez para os bancos, carimbar o selo de aprovação de Buffett e, em contrapartida, a troca seriam ações preferenciais com um alto pagamento de dividendos e benefícios fiscais, além da possibilidade de compra de ações ordinárias.
Ainda é cedo para garantir que isto possa ocorrer novamente, mas considerando o histórico, o interesse de Buffett por boas empresas do setor financeiro e aproximadamente US$125 bilhões em caixa, a Berkshire está pronta para atuar no mercado e buscar por boas opções de investimento.
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Guilherme Morais
Analista CNPI 2682