Ao longo dos últimos meses, notícias sobre demissões em massa em empresas de tecnologia, principalmente startups e empresas em early-stage passaram a ser cada vez mais frequentes. Algum tempo depois, alguns nomes mais importantes também passaram a realizar demissões em massa. No Brasil, empresas como iFood, Americanas (B2W) e Quinto Andar encontravam-se entre companhias mais conhecidas que realizaram desligamentos em massa.
Alguns sites, como o Layoffs Brasil, foram desenvolvidos para mapear e ajudar profissionais de tecnologia que perderam seus empregos nestes desligamentos. Coincidentemente – o que, na verdade, não é tão coincidência assim – estes desligamentos em massa se deram no mesmo momento em que houve uma redução na liquidez, resultado de um maior custo de capital (via juros mais altos, por exemplo).
As Big Techs estão seguindo a fórmula, e o mercado parece estar punindo as companhias de tecnologia que não parecem estar alocando capital de forma tão eficiente quando se trata de força de trabalho. Mark Zuckerberg, CEO da Meta Platforms, controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou há alguns dias a demissão de mais de 11 mil funcionários, o que representa aproximadamente 13% da força de trabalho total da companhia. Este foi, até o momento, o maior corte de funcionários em toda a sua história. Mark declarou que “errou” ao falar sobre previsões de receitas que foram frustradas, assim como o compromisso da companhia em enfrentar da melhor forma uma “desaceleração macroeconômica”.
A Meta Platforms não está sozinha dentre os grandes nomes de tecnologia listadas em bolsa a realizarem demissões em massa: Seagate (demissão de 8% da força de trabalho total), Docusign (9%), Shopify (10%), Twilio (11%), GoFundMe (12%), Redfin (13%), Lyft (13%), Patreon (17%), Coinbase (18%), Opendoor (18%), Flipboard (21%), Intel (20%), Snap (20%), Robinhood (23%) e Twitter (40% a 50%, estimado). No momento, existe bastante especulação sobre a Alphabet seguir um caminho semelhante.
A Alphabet possuía 186.779 funcionários ao final do 3T22, contra 150.028 funcionários ao final do 3T21 (Δ +36.751). Apesar da forte expansão da companhia, o ritmo de crescimento foi interpretado como exagerado. Ao que tudo indica, as companhias de tecnologia projetaram, de forma geral, um crescimento muito otimista frente a um cenário macroeconômico que se provou muito mais desafiador do que o inicialmente projetado.
Recentemente, um tweet em particular da Genevieve Roch-Decter me chamou a atenção. Ao final deste tweet em particular, Genevieve afirmou que “Quando o capital está barato, ideias fúteis conseguem arrecadar bilhões”. Não duvidamos que existam grandes oportunidades entre os nomes da tecnologia, mas uma coisa é certa: nada melhor do que um cenário de juros crescentes para verificar quais ideias de negócios realmente funcionam e quais ideias de negócios necessitam de juros baixos para sobreviver.
Lucas Schwarz