A inflação medida pelo IPCA-15 registrou alta de 0,57% no mês de abril, abaixo da expectativa do mercado que era de 0,61%. Novamente, o índice foi puxado principalmente pela alta de 3,47% da gasolina. Em 12 meses, a inflação atingiu 4,16%, mas vale lembrar que esse patamar está poluído com a redução de impostos que o governo realizou no 2ª semestre de 2022, fazendo com que tivéssemos deflação durante alguns meses. Portanto, a inflação mais realística no acumulado de 12 meses está girando em torno de 7,00%.
O mercado vem esperando ansiosamente pela sinalização do Banco Central em relação ao corte de juros. Com a inflação cedendo nos últimos meses e a apresentação do arcabouço fiscal, os investidores esperavam uma postura mais dovish do Roberto Campos Neto, o que não aconteceu. O Banco Central vem sendo bastante duro nas últimas comunicações e reforçou ao longo da semana que ainda há um trabalho a ser feito para melhorar as expectativas de inflação no horizonte relevante.
Conforme destacamos anteriormente, apesar da inflação estar rodando em torno 4% nos últimos 12 meses, um patamar bem próximo da meta, ano passado houve a redução de impostos no setor de telecomunicações e energia elétrica, o que está poluindo a melhor visibilidade do dado. Para o Banco Central sinalizar o corte de juros, ainda é preciso ver uma desaceleração mais clara nos núcleos de inflação, que está girando em torno de 7,5% nos últimos 12 meses.
Por fim, no âmbito fiscal ainda existem diversas discussões que podem aumentar as incertezas sobre o arcabouço. Esperamos que na reunião do mês de junho o Banco Central comece a sinalizar o início do ciclo de redução da taxa de juros, com a Selic encerrando o ano em torno de 12,75%.
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Lucas Lima
