A inflação medida pelo IPCA-15 registrou uma alta de 0,28% no mês de agosto, bem acima da expectativa do mercado, que era de 0,16%. A inflação foi puxada principalmente pelo grupo de Habitação, refletindo a alta de 4,59% da energia elétrica residencial. No período houve o fim do bônus de Itaipu que estava deixando a conta de luz mais barata. Além disso, o IPCA-15 apontou reajustes em Curitiba, Porto Alegre e São Paulo.
Fonte: IBGE
Outro ponto negativo é que a inflação de serviços e os núcleos estão desacelerando de forma mais lenta. Essas métricas de inflação permanecem acima da nossa meta e são mais resilientes.
Apesar da visão mais negativa para esse dado de inflação do mês de agosto, o Banco Central não deve alterar o seu plano de voo. O grande ponto é que as expectativas, que já eram pequenas para uma redução de 0,75 p.p. da Selic, agora praticamente não existem mais.
O juro real neutro no Brasil está em torno de 4,5%, ou seja, mesmo que consideremos uma inflação mais alta de agora em diante (5,0%), temos espaço para buscar uma taxa de juros de 9,5%. Essa análise reforça que o Banco Central não deve mudar sua visão por conta de uma inflação um pouco pior no curto prazo.
A taxa de juros deve encerrar o ano de 2023 em torno de 11,75%, enquanto no próximo ano teremos uma Selic em torno de 9,00%.
Analista CNPI 2799