Com o mercado global cada vez mais conectado, é comum que a criação de diversas estratégias de investimentos, com isso, é natural que os investidores busquem alternativas de se capitalizar para realizar seus investimentos. Neste processo de capitalização criou-se o carry trade.
De forma bem simplificada, o carry trade consiste no empréstimo de dinheiro em um país onde as taxas de juros são mais baixas para utilizar deste valor para investir em outros países com retorno mais alto do que o do empréstimo. Sendo que nos últimos anos o Japão foi um país quase perfeito para realizar o carry trade, pois passou vários anos com taxa de juros negativas e e uma moeda estável.
A imagem abaixo ilustra a rota do dinheiro, onde um investidor pega dinheiro emprestado, investe em outro local, paga juros ao banco e lucra a diferença dos juros.
Como diversos investidores faziam na prática?
É realizado um empréstimo em ienes japoneses e este dinheiro é utilizado para investir em outros países. Muito capital foi para os Estados Unidos, aproveitando os juros mais altos para a renda fixa, além das grandes empresas de tecnologia. Ademais, houve o investimento deste valor em países emergentes, tais como México e Brasil.
Qual o risco da operação?
Nos últimos anos o risco foi bem pequeno, pois a econômica japonesa apresenta um problema crônico de crescimento, com isso, o Banco Central japonês manteve os juros muito baixo, inclusive num patamar negativo, inclusive durante o período de pandemia e pós-pandemia onde a inflação pelo mundo subiu.
Entretanto, nos últimos meses o Banco Central do Japão indicou a necessidade de elevar os juros, pois finalmente a inflação estava passando de sua meta. Até que em 31 de julho houve o anúncio do aumento na taxa de juros, com isso, a “Taxa Selic” japonesa atingiu 0,25%.
Bastou esta elevação e a indicação de novos aumentos para a realização de uma corrida ao mercado. Muito investidores precisaram vender parte de seus ativos para cumprir com suas obrigações com os bancos japoneses que realizaram os empréstimos. Tanto que o mercado japonês, o Nikkei 225, caiu 12,4% em apenas um dia, a pior performance desde a “black Monday” de 1987.
Dessa forma, o pessimismo foi para todo o mercado global, com as bolsas de todo o mundo encerrando o dia no vermelho. Até o final da semana, o J. P. Morgan estimou que 75% das operações de cary trade haviam sido desfeitas.
O Banco Central também informou que sua taxa de juros neutra está na faixa de 1%, ou seja, possivelmente, haja novos aumentos. Mas também informou-se que este processo será gradual para que não haja impacto na economia e nos investimentos. Talvez passou o pior, entretanto, a política monetária japonesa precisa de um acompanhamento de perto, pois pode mexer com o mercado de todo o mundo.
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Analista CNPI 2682