A bolsa americana tem sido destaque ao longo de 2023 devido ao bom retorno acumulado, mesmo com o ciclo de aumento de juros realizado pelo Fed. A alta foi decorrente principalmente pelas empresas de tecnologia e o avanço da Inteligência Artificial. Com isso, o índice da Nasdaq, que é mais concentrado no setor de tecnologia, possui um retorno ainda mais positivo, acumulando quando 30% de alta.
Mas o investimento neste índice ainda é interessante?
O retorno do ETF Trend Nasdaq
O ETF Trend Nasdaq (NASD11) possui até o momento um bom retorno devido a dois principais motivos. O mais importante é a sua concentração em empresas do setor de tecnologia que foram fortemente impactadas pela procura e evolução dos serviços de Inteligência Artificial. O segundo motivo foi a alta recente do dólar em relação ao real.
Pensando em empresas de crescimento, para o investidor de longo prazo que deseja carregar a posição por vários anos, este ativo pode fazer parte de um portfólio diversificado. Entretanto, existem maneiras de se expor ao mercado norte-americano mais eficientes. Podemos citar como exemplo, investir nos ativos no mercado americano e não em ETFs disponibilizados na B3. Através da bolsa americana é possível ter acesso a este mesmo ETF. Isso com uma taxa de administração mais baixa, além da proteção em ter um ativo dolarizado e não apenas atrelado ao dólar. Mas pensando no atual ciclo de alta de juros nos EUA o investidor deve também procurar por outros setores e classes de ativos para investir.
Assim como tem sido o retorno da Nasdaq, o S&P também acumula uma expressiva alta. Isso devido às empresas de tecnologia, mas se olharmos para o índice sem os grandes nomes do setor, o retorno em 2023 seria próximo de zero. Boas empresas pagadoras de dividendos fora do setor de tecnologia acumulam queda desde 2022 e atualmente possuem um dividend yield acima da média histórica. Além disso, destaco os REITs, que podem aumentar a diversificação e serem importante ativos geradores de renda passiva. Ou seja, para o investidor de longo prazo, esta pode ser uma boa janela para o acumular ações, enquanto o mercado aguarda a queda nos juros.
Outra opção é o BDRx, que também apresentou um bom retorno. Vale a pena investir nesta cesta de ativos?
O BDRx é composto por BDRs não patrocinados e é diversificado em vários setores. Como os critérios de seleção para a composição do índice são para atender condições de liquidez de mercado e não em fatores bem definidos, não acredito que o índice seja uma boa opção, apesar da rentabilidade recente.
Qual seria a melhor estratégia que o investidor deve adotar ao expor a sua carteira em dólar?
Acredito que uma boa estratégia para o investir para o atual ciclo é o de se expor diretamente a ativos dolarizados e realizar as remessas para dólar de forma gradativa. Ao longo do ano houve diversas janelas interessantes com o dólar próximo de R$4,70 e com a alta recente o mais importante é se expor de forma gradual, aproveitando momentos de queda da cotação. No curto prazo é difícil estimar a trajetória do dólar, mas no longo prazo é mantida a tendência de valorização da moeda americana.
Com relação aos ativos, desde 2022 várias boas empresas acumulam queda em suas cotações, sendo esta uma janela que se torna interessante, principalmente para os REITs no caso da renda variável. Além dos ativos de renda variável, existem boas alternativas de ativos de renda fixa, principalmente de menor prazo de vencimento. Essas são opções para a composição de uma reserva em dólar e atualmente paga aproximadamente 5% com baixo risco.
Mas o principal ponto de atenção do investidor deve ser em manter a disciplina e a consistência nos aportes e remessas ao exterior, comprando boas empresas e evitando buscar acertar o melhor momento de compra. Além disso, é importante respeitar os percentuais de alocação por classes de ativos e por empresas na carteira, evitando a concentração em poucos ativos.
Quais são os cuidados devo ter?
É sempre importante que o investidor evite realizar operações considerando apenas o retorno recente de determinado ativo. É necessário que o investidor estude a respeito do ativo antes de se expor. Pensando em fundos é importante entender quais são os ativos que compõem o índice, quais são os critérios para escolha e o horizonte de tempo do investimento.
Além disso, evitar girar em excesso a carteira é importante para reduzir o pagamento de corretagens e antecipação no pagamento de impostos. Outro ponto importante é adequar as perspectivas de retorno do ativo com seus objetivos. Ou seja, priorizar ativos de renda variável para objetivos de longo prazo.
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Guilherme Morais
Analista CNPI 2682