Apesar da “surpresa” para alguns, o resultado apresentado pelas empresas do setor de saúde veio em linha com o esperado. Após um ano de desafios, 2022 trouxe a conta para muitas empresas. A atual conjuntura dos aspectos macroeconômicos, como elevadas taxas de juros, inflação e baixo crescimento de renda da população, são fatores que têm pressionado as empresas em geral.
Desde a época do início da pandemia do COVID-19 até os dias de hoje, as empresas de saúde estão como destaque na Bolsa Brasileira. De um lado, a demanda pelos serviços/produtos médico-hospitalares. De outro, as mudanças estruturais no setor, cenário macroeconômico e diversas empresas em crescimento, sobretudo inorgânico.
É certo que o setor de saúde possui diversos segmentos de atuação, como planos de saúde, rede de clínicas/hospitais e exames, farmácias, dentre outros. Os negócios vão desde especialidades até verticalizados. A questão é que independentemente da atuação os desafios permanecem.
Nesta temporada de resultados, quando analisamos trimestralmente e anualmente, de maneira geral, visualizamos evolução no operacional, porém, as despesas financeiras, adquiridas em função do crescimento, acabam deteriorando o resultado final. No segmento de hospitais/clínicas observamos esse desempenho. Vale também lembrar que o último trimestre do ano é sazonalmente mais fraco para esses tipos de empresa, pois a demanda é menor.
Exemplos de empresas que apresentam um bom desempenho operacional foi a Rede D’or São Luiz (RDOR3), Oncoclínicas (ONCO3), Mater Dei (MATD3), Kora Saúde (KRSA3) e Fleury (FLRY3). O ponto em comum entre elas é a pressão dos custos e despesas financeiras.
No gráfico abaixo observamos o desempenho das empresas citadas como exemplo (RDOR3, ONCO3, MATD3, KRSA3 e FLRY3). Guardando as peculiares de cada empresa, pelo gráfico observamos que essas companhias oscilaram bastante durante o último ano, porém, considerando todas as mudanças no setor e o cenário macroeconômico desafiador, tais variações podem fazer algum sentido. Para o processo decisório é necessário analisar cada tese de investimentos para decidir sobre o que esperar da respectiva empresa.
Do outro lado, as empresas de planos de saúde apresentam dificuldades no operacional, como a alta sinistralidade, elevada Variação do Custo Médico Hospitalar (VCMH), desafios regulatórios e frequência de utilização do sistema acima do normal. Um bom exemplo é a Qualicorp.
A Qualicorp (QUAL3) vem apresentando desaceleração das vendas, queda na carteira de clientes e retração da receita, sem contar nos custos e despesas financeiras. Como consequência, o resultado líquido fica deteriorado. Outro exemplo bem comentado no setor de planos de saúde foi a Hapvida (HAPV3), veio com o operacional fraco, carteira de beneficiários crescendo organicamente abaixo do esperado, sinistralidade elevada e aumento das despesas financeiras.
Analisando o gráfico abaixo, observamos o desempenho das empresas citadas como exemplo (HAPV3 e QUAL3) ao longo do último ano. O Ibovespa oscilou como já sabemos, mas essas duas empresas representaram. De fato, um operacional prejudicado e o cenário macroeconômico deteriorado justificam tal desempenho.
Para os próximos períodos, ainda esperamos um cenário desafiador, não apenas devido ao crescimento inorgânico e inorgânico das empresas, mas pela alta de juros, inflação e renda pressionada.
De todo modo, como o setor é bem fragmentado, há opções com maior potencial de retorno. Assim, analisar as métricas operacionais e financeiras da Companhia, bem como os impactos do cenário macroeconômico de cada uma das empresas é fundamental para as decisões de investimentos.
Até a próxima,
Caritsa Moreira