Qual expectativa para taxa de juros no Brasil?

A trajetória da taxa de juros no Brasil nos próximos anos está bastante incerta. No mês de outubro, uma boa parte do mercado já estava esperando uma queda na Selic no primeiro semestre de 2023. Entretanto, após resultado das eleições presidenciais e as discussões sobre o orçamento do próximo ano, as expectativas mudaram totalmente.

Hoje, não só temos a possibilidade de não ocorrer essa redução de juros em 2023, mas também há chances de um novo ajuste para cima na taxa de juros, ficando pouco acima de 14%.

Na última reunião, o Comitê de Política Monetária (COPOM) manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano, decisão que era amplamente esperada pelo mercado. A discussão sobre a reunião foi particularmente centrada no provável ajuste da comunicação em função das notícias fiscais desde a última reunião.

Nesse sentido, o comitê optou por deixar claro o aumento da incerteza sobre o futuro do quadro fiscal. No Brasil, existe uma restrição fiscal que precisa ser respeitada para não comprometer a trajetória da dívida pública e sua sustentabilidade. Quando não há um respeito com as contas públicas, a inflação e taxa de juros tendem a se elevar no país.

O mercado precisa de um presidente com discurso mais calmo e disposto a encontrar a melhor forma de agradar os dois mundos, o qual é basicamente atender as suas políticas sociais de uma forma sustentável para a trajetória fiscal do Brasil. Por conta desse cenário de incertezas, o mercado já tirou da curva de juros qualquer possibilidade de redução na taxa de juros em 2023. O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central já vem elevando as expectativas para inflação e juros nos próximos anos.

No comunicado do Copom, as projeções de inflação sofreram ajustes relativamente modestos para cima ao longo do horizonte relevante (2023 passou de 4,8% para 5% e 2024 de 2,9% para 3%).

A verdade é que o comunicado do BC poderia ter sido até mais duro do que realmente foi, e a possibilidade de uma redução da taxa de juros em 2023 ainda existe, apesar de pequena diante a discussão atual sobre o cenário fiscal. O Banco Central brasileiro está cauteloso com o cenário fiscal e mostrando que os riscos recentemente aumentaram e é necessário observar. Acreditamos que ainda é cedo para o Banco Central adotar um discurso de mudança na trajetória de política monetária. O que parece inevitável é termos uma taxa de juros em patamares elevados por um tempo relativamente longo. 

De acordo com estudo realizado pela Infinity Asset Management, o Brasil é o país com a maior taxa de juros real do mundo. Observando em detalhes o que compõe essa taxa de juros real, visualizamos uma expectativa de inflação para os próximos 12 meses até de certa forma controlada, mas uma Selic que deve ficar em patamares elevados por bastante tempo.

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Lucas Lima

@lucaslima.mf

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