O Federal Reserve anunciou nesta quarta-feira (22/03) um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros norte-americana, elevando a taxa juros para uma faixa entre 4,75% e 5, nível mais alto desde 2007. Pela primeira vez desde março de 2022, quando se deu início o atual ciclo de alta, o Federal Reserve não mencionou em sua ata que “novos aumentos podem ser apropriados”, provavelmente como reflexo da quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, além dos temores com uma possível quebra do First Republic Bank. Entretanto, o FOMC mencionou que “algum endurecimento adicional” pode ser necessário, não descartando um novo aumento, mas já sinalizando que o ciclo de aperto pode estar próximo do fim.
Em ata, o Federal Reserve enfatizou que indicadores recentes apresentaram um crescimento modesto nos gastos e na produção, que os ganhos de empregos aumentaram nos últimos meses e estão ocorrendo em um ritmo robusto e que a taxa de desemprego continua em um nível baixo. A inflação, por outro lado, continua sendo apontada como elevada. Ao longo da ata, é ressaltado que o FOMC está extremamente comprometido em retornar a meta de inflação de longo prazo de 2%. O comunicado da autoridade monetária ressaltou que o sistema bancário é firme e resiliente, mas que eventos recentes provavelmente irão resultar em maior aperto no crédito, com impacto de magnitude ainda incerta.
De acordo com o novo “gráfico de pontos”, que a apresenta as projeções dos 12 membros votantes do FOMC para a taxa de juros, a mediana das projeções é de 5,1% para 2023, igual ao verificado em dezembro de 2022. Para 2024, a mediana subiu de 4,1% para 4,3%. Para 2025, a mediana é de 3,1%. Para que a mediana de 2023 se concretize, devemos verificar um aumento de 0,25 ponto percentual na próxima reunião de maio, seguida por uma pausa nos aumentos.
Durante a coletiva de imprensa após a decisão da taxa de juros, destacaram-se algumas falas. Powell afirmou que as condições financeiras estão mais apertadas do que o mercado tem sinalizado, mencionando que “os índices tradicionais de mercado focam em taxas e ativos, não capturando de forma adequada as condições de crédito”.
As preocupações com as condições de crédito têm aumentado, principalmente com a recente crise verificada entre algumas instituições financeiras. Quando questionado sobre os impactos desta crise sobre a capacidade do Federal Reserve de conduzir um “pouso suave”, Powell ainda afirmou que é “muito cedo” para mensurar qualquer impacto, não descartando a possibilidade de um desaquecimento sem recessão severa. “Se o Federal Reserve precisar aumentar a taxa, ele irá” talvez tenha sido uma de suas falas mais duras durante a coletiva, destacando que a inflação e o mercado de trabalho continuam sendo monitorados ativamente para determinar o caminho da política monetária.
Lucas Schwarz