O Índice de Consumo (ICON) acumula uma queda de 18,59% nos últimos 12 meses. O setor varejista é diretamente correlacionado aos ciclos econômicos, sendo sensível a indicadores como taxa de juros e inflação. A deterioração do cenário macroeconômico que houve nos últimos anos com a inflação disparando no Brasil e a necessidade de elevar a taxa de juros de maneira brusca foram os principais fatores que afetaram o setor varejista.
Desempenho do Índice de Consumo (ICON) – B3
Entre as principais quedas do Índice de Consumo nos últimos 12 meses podemos citar o Grupo Casas Bahia – BHIA3 (Ex – VIIA3), CVC (CVCB3) e Alpargatas (ALPA4). Quando a maré está baixa é que sabemos quem está nadando pelado. As empresas que estavam alavancadas e pensando apenas em crescimento ao invés de rentabilidade estão sofrendo bastante, no qual algumas estão entrando com pedido de recuperação judicial (Ex: Lojas Marisa).
Com será daqui para frente?
Daqui para frente o cenário deve ser mais positivo com a redução da taxa de juros e inflação mais controlada. Entretanto, o endividamento das famílias e o nível de inadimplência permanecem elevados. Apesar da melhoria que visualizamos, o que deve seguir impactando negativamente o varejo que foca em produtos de tickets mais elevados como o de Bens Duráveis (Grupo Casas Bahia e Magazine Luiza).
O Grupo Casas Bahia (ex-Via) está no radar dos investidores em relação à possibilidade de optar por uma recuperação judicial. A administração anunciou um plano de reestruturação que se for bem executado pode eliminar essa possibilidade. Dessa forma, torna o modelo de negócio da empresa mais sustentável no longo prazo.
No momento atual, não acreditamos no pedido de recuperação judicial. Afinal, não há vencimentos relevantes de dívidas no curto prazo, visto que houve uma renegociação importante no ano passado com alongamento.
Além disso, apesar do follow-on realizado recentemente ter sido um “fracasso”, vai dar um pouco de fôlego para a companhia ao menos até o primeiro trimestre de 2024. O Grupo Casas Bahia está correndo contra o tempo para voltar a gerar caixa. Enquanto isso, a demanda por capital de giro está bastante elevada e a empresa está ficando sem opções para financiamento, visto que o bancário está esgotado e o apetite dos investidores foi fraco.
Setor varejista: e o cenário competitivo?
Sem dúvidas o cenário competitivo com as varejistas asiáticas ficou mais acirrado nos últimos anos. No entanto, as empresas brasileiras buscaram rapidamente investimentos no digital, melhorias na eficiência e experiência do consumidor. Apesar do cenário mais desafiador em termos de competição, não acreditamos que as varejistas brasileiras vão ficar para trás nesse jogo. Isso porque elas possuem uma expertise local e uma logística diferenciada para reduzir prazos e custos de entrega. Além disso, a experiência do consumidor nas lojas físicas deve seguir sendo algo importante principalmente para maiores taxas de conversão.
Qual a solução?
Por muito tempo as varejistas brasileiras pensaram apenas em crescimento do GMV (volume bruto de mercadoria) e da base de clientes, abrindo dessa forma, totalmente mão da rentabilidade e geração de caixa. Daqui para frente, acreditamos que as varejistas devem focar em um modelo de negócio mais sustentável, em produtos core e que possuem melhores margens. As alternativas passam por uma reestruturação com redução no número de lojas e de estoque (produtos com margens menores) e de despesas com pessoal.
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Lucas Lima
