Quer se proteger das oscilações de preço e, ao mesmo tempo, aproveitar oportunidades no mercado? Os contratos futuros estão entre as melhores formas de fazer isso.
Segundo a Futures Industry Association (FIA), associação global que monitora o setor, a B3 — bolsa brasileira — ocupa o primeiro lugar no mundo em volume de negociações desse tipo de derivativo.
O interesse crescente dos investidores se deve à flexibilidade do instrumento: ele pode ser usado tanto para travar preços e reduzir riscos quanto para especular de forma estratégica em diferentes cenários de mercado.
Além disso, oferece diversificação, já que é possível negociar contratos ligados a diferentes tipos de ativos.
E o melhor: não é preciso comprar o ativo imediatamente. Basta depositar a margem de garantia para iniciar a operação.
A seguir, descubra como funcionam os contratos futuros, suas principais vantagens e riscos, e o passo a passo para investir com segurança, de acordo com o seu perfil de investidor.
O que são contratos futuros?
Os contratos futuros são acordos padronizados para comprar ou vender um ativo em uma data futura a um preço definido no momento da negociação.
Ou seja, o investidor não precisa comprar o ativo agora. Ele apenas se compromete a negociar esse ativo no futuro, podendo lucrar com a variação de preço até lá. Seja na alta, seja na baixa.
Esses contratos são negociados na bolsa (B3) e podem envolver diversos tipos de ativos, como:
- ações;
- índices;
- moedas;
- taxas de juros;
- commodities.
Seja como for, o produto serve para investidores se protegerem contra flutuações de preço (hedge) ou especularem sobre a movimentação do mercado.
Todos os dias, o valor do contrato é ajustado, gerando lucro ou prejuízo ao investidor conforme a cotação de mercado do ativo varia.
Se o preço se mover a favor da posição, ele recebe; se for contra, ele paga a diferença.
Por exemplo, imagine que um investidor acredita que o dólar vai subir nos próximos meses e, então, decide comprar contratos futuros da moeda na B3.
Se a cotação realmente aumentar, o valor do contrato sobe, e ele lucra com a diferença entre o preço de compra e o preço de liquidação.
Mas, se o dólar cair, o movimento é o oposto, e ele tem prejuízo proporcional à variação.
Como funcionam os contratos futuros?
Depois de entender o conceito, é essencial saber como uma operação com contratos futuros acontece na prática.
Ela segue uma estrutura bem definida, o que torna esse mercado transparente e acessível para investidores de diferentes perfis.
Padronização dos contratos
Na B3, todos os contratos futuros são padronizados, o que significa que seus principais parâmetros já são determinados pela bolsa.
Isso inclui:
- o ativo-objeto (como dólar, índice ou commodity);
- o tamanho do contrato (quantidade de ativos representados);
- o mês e data de vencimento;
- o formato da liquidação (financeira ou física).
Essa padronização garante liquidez e segurança às negociações, já que todos seguem as mesmas regras e não existe acordo direto entre as partes.
Abertura da posição
Tudo começa quando o investidor define sua expectativa sobre o comportamento do ativo e abre uma posição.
Se acredita que o preço vai subir, assume uma posição comprada (compra contratos futuros).
Se acredita que o preço vai cair, adota uma posição vendida (vende contratos futuros).
A partir desse momento, ele se compromete com o preço estabelecido no contrato, e qualquer variação do ativo até o vencimento gera lucro ou prejuízo conforme o sentido da operação
Margem de garantia
Para realizar a operação, é necessário depositar a margem de garantia — um valor mínimo exigido pela corretora ou pela bolsa para cobrir eventuais perdas diárias.
Essa margem pode ser composta por dinheiro, títulos públicos, ações ou cotas de fundos de investimento, dependendo das regras da corretora.
Ela não representa um custo, mas sim uma garantia de que o investidor conseguirá arcar com as oscilações do contrato.
Se o saldo da margem ficar abaixo do nível exigido, é preciso reforçá-la para manter a posição aberta.
Ajuste diário
Uma das principais características dos contratos futuros é o ajuste diário de posições.
Todos os dias, a B3 calcula a diferença entre o preço do contrato e o preço de mercado do ativo, creditando ou debitando essa variação na conta do investidor.
Se o movimento do mercado for favorável à sua posição, ele recebe a diferença. Se for contrário, ele paga.
Esse processo continua até o encerramento do contrato e garante que lucros e perdas sejam realizados diariamente, sem acumular tudo apenas no vencimento.
Encerramento ou vencimento
O contrato futuro pode ser encerrado antes do vencimento ou levado até o final.
Se o investidor quiser sair da posição antes, basta fazer uma operação oposta: vender se estava comprado, ou comprar se estava vendido.
Assim, ele realiza o lucro ou prejuízo acumulado até aquele momento.
Se decidir manter até o vencimento, ocorre a liquidação automática — geralmente de forma financeira. Nesse caso, o investidor paga ou recebe a diferença entre o preço contratado e o preço de mercado.
A entrega física do ativo ocorre apenas em contratos específicos, como em algumas commodities.
Principais tipos de contratos futuros
Os contratos futuros podem “derivar” de diferentes tipos de ativos e cada um tem suas particularidades de funcionamento. Veja:
Ações
Os contratos futuros de ações permitem negociar o preço de uma ação em uma data futura.
Eles são usados tanto por quem quer se proteger de oscilações (hedge) quanto por quem busca ganhos com variações de preço.
Por exemplo, um investidor que acredita na alta das ações da Petrobras pode comprar contratos futuros da empresa para garantir um preço hoje e lucrar se o valor subir até o vencimento.
Índices
Os contratos futuros de índices acompanham o desempenho de uma carteira de ações, como o Ibovespa.
São muito utilizados por investidores que desejam se expor ao comportamento geral do mercado sem comprar cada ação individualmente.
Se o investidor acredita que a bolsa vai subir, ele compra contratos futuros do índice; se acha que vai cair, ele vende
É um dos instrumentos mais populares para especulação e proteção de carteiras.
Moedas
Os contratos futuros de moedas, como o de dólar, permitem fixar uma taxa de câmbio para o futuro.
São bastante utilizados por empresas com receitas ou despesas em moeda estrangeira e por investidores que buscam se proteger de variações cambiais.
Na prática, o dólar futuro da B3 reflete a expectativa do mercado sobre a cotação da moeda nos próximos meses, servindo como referência para decisões financeiras e comerciais.
Taxas de juros
Os contratos futuros de juros, como o DI Futuro, refletem a expectativa do mercado em relação à taxa básica de juros (Selic) ao longo do tempo.
Eles são amplamente usados por bancos, gestoras e investidores institucionais para planejar estratégias de renda fixa ou se proteger de mudanças nas taxas.
Quando o mercado espera alta dos juros, os contratos se desvalorizam; quando espera queda, tendem a se valorizar.
Commodities
Os contratos futuros de commodities envolvem produtos físicos, como café, milho, ouro ou petróleo, por exemplo.
Nesse caso, os participantes podem ser produtores, indústrias ou investidores financeiros.
Produtores e empresas usam esses contratos para travar preços e evitar prejuízos com oscilações, enquanto investidores buscam lucrar com as variações de oferta e demanda global.
Na maioria das vezes, esses contratos são liquidados financeiramente, mas alguns ainda preveem a entrega física do produto no vencimento.
Quais são as vantagens dos contratos futuros?

Os contratos futuros oferecem diversas vantagens que explicam seu destaque entre os derivativos mais negociados da B3.
Eles combinam flexibilidade, alavancagem e proteção, sendo úteis tanto para quem quer reduzir riscos quanto para quem busca oportunidades de ganho.
Em comum, todo contrato futuro:
- Permite se proteger contra oscilações de preço (hedge) ou buscar lucros com movimentos de mercado.
- Pode ser operado com margem de garantia, exigindo menos capital que a compra direta do ativo.
- Passa por ajuste diário, o que dá transparência e reduz o risco de inadimplência.
- Tem alta liquidez e padronização, facilitando a entrada e saída de posições.
No entanto, cada tipo de contrato futuro apresenta benefícios específicos de acordo com o ativo negociado:
| Tipo de ativo | Benefícios específicos |
| Ações | Baixa liquidez, pois são contratos personalizados e sem negociação em bolsa |
| Índices | Exigem cumprimento integral no vencimento, sem liquidação antecipada |
| Moedas | Risco de crédito entre as partes, já que não há garantia de bolsa |
| Taxas de juros | Proteção de posições em renda fixa; possibilidade de especular sobre políticas monetárias; base para estratégias macroeconômicas. |
| Commodities | Proteção de preços para produtores e indústrias; exposição a mercados globais; potencial de ganho com ciclos de oferta e demanda. |
E os riscos?
Obviamente, os contratos futuros também envolvem riscos que exigem atenção do investidor.
Por serem instrumentos alavancados e de ajuste diário, as perdas podem acontecer rapidamente, mesmo com um capital inicial pequeno.
Em linhas gerais, todo contrato futuro apresenta alguns riscos comuns, como:
- Alavancagem: pequenas variações de preço podem gerar lucros ou prejuízos expressivos, já que o investidor movimenta valores maiores que o capital depositado como garantia.
- Oscilações de mercado: o preço do ativo-objeto pode mudar de forma brusca por fatores econômicos, políticos ou externos.
- Chamadas de margem: se o saldo da margem de garantia ficar abaixo do mínimo exigido, o investidor precisa reforçar os recursos para manter a posição — sob risco de ter a operação encerrada automaticamente.
- Complexidade operacional: entender ajustes diários, vencimentos e estratégias exige conhecimento técnico e acompanhamento constante do mercado.
Dessa forma, o gerenciamento de risco é ainda mais importante para quem opera futuros, especialmente em períodos de alta volatilidade.
Mas, assim como as vantagens, os riscos específicos variam conforme o tipo de ativo negociado:
| Tipo de ativo | Riscos específicos |
| Ações | Alta volatilidade dos papéis individuais; liquidez menor em alguns contratos; possibilidade de movimentos bruscos após eventos corporativos. |
| Índices | Exposição ao risco sistêmico do mercado; quedas amplas podem afetar todo o portfólio; impacto de crises macroeconômicas. |
| Moedas | Forte sensibilidade a decisões do Banco Central, dados econômicos e eventos geopolíticos; movimentos inesperados do câmbio podem gerar grandes oscilações. |
| Taxas de juros | Alterações imprevistas na política monetária; mudanças rápidas na curva de juros; marcação a mercado diária pode gerar prejuízos antes do vencimento. |
| Commodities | Influência de fatores climáticos e geopolíticos; variações de oferta e demanda global; risco de liquidação física em alguns contratos. |
Perfil de investidor para contratos futuros
Antes de operar, é fundamental avaliar se os contratos futuros são compatíveis com o seu perfil de investidor e nível de conhecimento atual.
Esses derivativos exigem bastante preparo, principalmente de quem deseja utilizá-los para especular. Entenda:
Quem deve operar
Os contratos futuros funcionam melhor para investidores com perfil arrojado, que entendem e aceitam o risco das oscilações diárias nas posições.
Investidores mais conservadores também usam esses contratos, mas com foco em proteção (hedge), e não em especulação.
De forma geral, é um mercado mais adequado para quem já possui alguma experiência com renda variável e deseja diversificar estratégias ou gerenciar riscos com mais precisão.
Grau de conhecimento necessário
Para operar com segurança, é essencial compreender conceitos como margem de garantia, ajuste diário, alavancagem, volatilidade e liquidação de contratos.
Entender como cada ativo reage a cenários econômicos também faz diferença. Saber como a influência da taxa Selic sobre os juros futuros ou do dólar sobre commodities e ações, por exemplo.
Quem está começando deve estudar o funcionamento dos derivativos e praticar em simuladores antes de colocar dinheiro real em jogo.
Importância do controle emocional
Mesmo com boa estratégia, operar futuros exige disciplina e controle emocional.
As oscilações diárias podem ser intensas. Assim, decisões impulsivas costumam gerar prejuízos maiores que os de mercado.
Por isso, o investidor deve definir previamente seus objetivos. Os pontos de entrada e saída. Além de limites de perda, seguindo sempre o plano de gestão de risco.
Como começar a investir em contratos futuros?

Há algumas etapas que você deve seguir ao começar a investir em contratos futuros para conseguir bons resultados:
1. Escolha da corretora
O investidor começa abrindo conta em uma corretora habilitada para operar na B3 e que ofereça acesso ao mercado futuro.
Dê preferência a instituições que tenham boa estrutura de plataforma, suporte educacional e ferramentas de risco.
Além disso, confira as taxas cobradas, como corretagem, emolumentos da B3 e custos de margem.
2. Estudo e prática com simuladores
Antes de investir dinheiro real, o ideal é treinar em um simulador de contratos futuros.
Trata-se de plataformas que reproduzem as condições reais do mercado, permitindo testar estratégias e compreender como funcionam o ajuste diário e a alavancagem.
Isso te ajuda a desenvolver confiança e reduzir erros comuns de iniciantes.
3. Definição de estratégia
Para abrir qualquer posição, é indispensável definir uma estratégia.
O investidor precisa determinar qual ativo negociar (dólar, índice, juros, ações ou commodities) e qual será o objetivo: hedge (proteção) ou especulação.
Depois, deve avaliar como o ativo escolhido tende a reagir a fatores macroeconômicos para planejar sua exposição de forma coerente com o contexto de mercado e seu perfil de risco.
4. Margem de garantia
Para operar, é necessário depositar a margem de garantia, um valor exigido pela corretora para cobrir oscilações negativas diárias.
O investidor pode formar essa garantia com dinheiro, títulos públicos, ações ou fundos de investimento.
É importante não comprometer todo o capital disponível. A margem deve representar apenas uma parte da carteira, garantindo liquidez e segurança.
5. Seleção do contrato e abertura da posição
Com a estratégia definida e a margem disponível, o investidor escolhe o contrato desejado e abre a posição:
- Compra (posição comprada): se espera alta do ativo.
- Venda (posição vendida): se espera queda.
A partir desse momento, a operação passa a ajustar o saldo diariamente conforme a variação de preços.
Na B3, identificamos cada contrato futuro por um código padronizado, formado por três partes:
- Três letras que indicam o ativo-objeto (por exemplo, DOL para dólar, WIN para mini índice, DI1 para juros, BGI para boi gordo e CCM para milho);
- Uma letra que representa o mês de vencimento (A = janeiro, B = fevereiro, C = março… até L = dezembro);
- Dois números que indicam o ano de vencimento.
Por exemplo: DOLK25 significa um contrato futuro de dólar com vencimento em maio de 2025 (a letra K representa maio).
6. Acompanhamento dos ajustes diários
Todos os dias, a B3 realiza o ajuste diário, creditando ou debitando na conta do investidor a diferença entre o preço do contrato e o preço de mercado.
É fundamental você monitorar esses movimentos, pois eles podem exigir reforço de margem caso o saldo fique abaixo do exigido.
Isso ajuda a evitar chamadas inesperadas e a planejar melhor o encerramento da sua posição.
7. Controle de risco e exposição inicial
Ao iniciar no mercado futuro, comece com pequena exposição — um ou dois contratos, no máximo — e aumente gradualmente conforme o aprendizado.
Use ordens automáticas de stop loss e stop gain para limitar perdas e proteger lucros também.
Além disso, diversifique sua carteira para não depender apenas de derivativos.
8. Encerramento ou manutenção da posição
Você pode encerrar o contrato a qualquer momento, fazendo a operação oposta (vender se comprou, ou comprar se vendeu).
Assim, você realiza o lucro ou prejuízo acumulado até aquele momento e libera sua margem de garantia.
Caso mantenha a posição até o vencimento, a liquidação ocorre automaticamente. Na maioria dos casos, de forma financeira, e não física.
Perguntas frequentes
O que acontece se eu não tiver margem suficiente?
Se a margem de garantia ficar abaixo do valor exigido, a corretora faz uma chamada de margem e solicita o reforço. Se o investidor não depositar os recursos dentro do prazo, a corretora pode encerrar a posição automaticamente para evitar prejuízos maiores.
Posso começar com pouco dinheiro?
Sim. É possível operar contratos futuros com valores acessíveis por meio dos minicontratos, que exigem margens menores. Ainda assim, é importante ter reserva suficiente para suportar oscilações diárias e operar com segurança.
É possível operar contratos futuros fora da B3?
Sim, é possível operar contratos futuros fora da B3, mas apenas em bolsas internacionais. A B3 é a única bolsa no Brasil que oferece esse tipo de negociação, então ela registra e liquida todos os contratos futuros nacionais.
Conclusão
Por fim, os contratos futuros podem se tornar um pilar importante da sua estratégia de investimentos — desde que você domine o funcionamento desse derivativo.
Se, por um lado, o produto é eficaz para ampliar ganhos e proteger a carteira, por outro, envolve riscos que você precisa saber contornar.
Por isso, antes de operar, vale estudar o mercado, testar estratégias em simuladores e começar com posições pequenas.
Também é recomendável contar com o suporte de profissionais experientes, como os analistas do VG VIP.
Ao participar, você aprende a identificar oportunidades, reduzir riscos e estruturar posições com base em estudos técnicos e fundamentais.
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