O mercado de opções é um dos mais versáteis que existe, oferecendo diversas estratégias para proteger sua carteira ou alavancar seus ganhos. Entre elas, destaca-se o straddle.
Essa operação permite ao investidor lucrar com variações significativas do ativo subjacente, tanto para cima quanto para baixo.
Para isso, ele compra uma call e uma put da mesma ação de forma simultânea.
Ou seja, se você espera uma mudança brusca na cotação da ação, mas não sabe ao certo a direção, o straddle pode ser a estratégia certa para aproveitar o movimento.
Logo abaixo, vamos te mostrar como o straddle funciona, suas vantagens e riscos, e como utilizá-lo na prática para potencializar seus resultados. Confira!
O que é straddle?
O straddle é uma estratégia de opções que consiste em comprar simultaneamente uma call (opção de compra) e uma put (opção de venda) do mesmo ativo, com o mesmo preço de exercício (strike) e data de vencimento.
O objetivo é lucrar com movimentos significativos no preço da ação, independentemente da direção — seja alta ou queda.
Por isso, é muito utilizada por investidores que esperam grandes variações no mercado, mas não têm certeza sobre para onde o preço do ativo vai se mover.
O straddle surgiu como uma forma de aproveitar a volatilidade sem a necessidade de prever a direção do mercado.
Com o crescimento do mercado de opções nas décadas de 1970 e 1980, especialmente nos Estados Unidos, a estratégia se popularizou entre traders e gestores de risco.
É uma ferramenta clássica para eventos de alta incerteza, como anúncios de resultados de empresas, decisões de política monetária ou eleições.
Hoje, o straddle é amplamente utilizado tanto para especulação quanto para proteção de carteira, dependendo da posição adotada.
Tipos de straddle
Existem duas formas principais de montar uma posição de straddle, cada uma com maneiras distintas de lucrar e adequadas a diferentes cenários de mercado.
Além disso, a escolha entre elas depende do perfil do investidor e do seu nível de experiência com opções. Entenda:
Long straddle
O long straddle (straddle longo) é a forma mais conhecida e utilizada da estratégia.
Nela, o investidor compra uma call e uma put simultaneamente, apostando em fortes variações no preço do ativo, seja para cima ou para baixo.
O lucro surge quando a movimentação do preço é grande o suficiente para compensar o custo das duas opções compradas, independentemente da direção.
Quanto mais o preço se afastar do strike, maior tende a ser o ganho potencial, já que uma das opções se valoriza mais que o custo total pago pelas duas.
É, portanto, uma estratégia voltada para cenários de alta volatilidade e incerteza de direção.
Short straddle
Já o short straddle é a versão oposta: o investidor vende uma call e uma put com o mesmo strike e vencimento.
O objetivo aqui é lucrar com a estabilidade do ativo, ou seja, quando o preço se mantém próximo ao strike até o vencimento.
No entanto, essa operação envolve risco potencialmente ilimitado, pois grandes variações de preço podem gerar perdas expressivas.
Por isso, o short straddle costuma ser adotado apenas por investidores mais experientes, que têm maior controle de exposição e gestão de risco.
Como funciona o straddle?
O long straddle é a porta de entrada da estratégia. Por isso, vale entender como ela funciona na prática e de que forma o investidor pode lucrar com ela primeiramente antes de avançar para uma operação mais complexa.
A posição é estruturada com a compra simultânea de uma call e uma put da mesma ação, com o mesmo preço de exercício (strike) e data de vencimento.
O custo inicial é a soma dos prêmios pagos por essas duas opções.
O raciocínio é bastante simples: o investidor aposta que o preço do ativo fará um movimento forte — seja de alta ou de queda — antes do vencimento das opções.
Se o preço subir bastante, a call se valoriza e compensa o custo total da operação. Se o preço cair muito, a put é que ganha valor e gera o lucro.
O único cenário desfavorável é quando o ativo permanece estável, pois nesse caso ambas as opções perdem valor com o tempo.
Por exemplo:
Suponha que as ações da Nubank (ROXO34) estejam sendo negociadas a R$ 20 e o investidor monta um long straddle comprando:
- uma call com strike de R$ 20, pagando R$ 1,50 de prêmio;
- uma put com strike de R$ 20, pagando R$ 1,50 de prêmio.
Neste caso, o custo total da operação seria de R$ 3,00 por ação.
A partir disso, três cenários poderiam acontecer:
- Se a ação subir para R$ 25, a call valerá R$ 5,00 (ganho de R$ 2,00 após descontar o custo total).
- Se a ação cair para R$ 15, a put valerá R$ 5,00 (mesmo ganho líquido).
- Mas se a ação ficar em torno de R$ 20, ambas as opções perdem valor e o investidor pode perder até os R$ 3,00 investidos.
Quando usar o straddle?
O straddle funciona melhor quando há expectativa de grandes movimentos no preço de um ativo, mas sem clareza sobre a direção.
Essas situações costumam ocorrer em dois contextos principais:
Antes de eventos de grande impacto
Eventos como resultados trimestrais, decisões de política monetária, eleições ou anúncios corporativos relevantes tendem a provocar grandes oscilações nos preços das ações.
O straddle permite ao investidor lucrar com essas movimentações, independentemente da direção, porque a estratégia se beneficia da volatilidade elevada causada pelo evento.
Após períodos de consolidação e baixa volatilidade
Quando o preço do ativo fica estável por um período, as opções tendem a estar mais baratas devido à baixa volatilidade implícita.
Nesses momentos, uma eventual ruptura brusca no preço gera forte valorização de uma das opções do straddle, oferecendo oportunidade de lucro significativa para quem se posicionou antes do movimento.
Por outro lado, há cenários em que a estratégia deve ser evitada, como:
- mercados estáveis por longos períodos, com pouca oscilação de preços;
- quando os prêmios das opções estão muito caros, elevando o custo inicial da operação;
- em períodos pós-evento, quando a volatilidade tende a cair rapidamente, reduzindo o valor das opções.
Em resumo, o straddle é mais vantajoso antes da movimentação, não depois. Ele depende da volatilidade para gerar lucro e perde força quando o mercado já precificou o evento ou voltou à calmaria.
Prós e contras da estratégia straddle

Como toda operação no mercado de opções, o straddle possui vantagens e limitações que precisam ser entendidas antes de ser aplicada.
Conheça os pontos positivos e riscos de investir na estratégia:
Prós
Perda limitada
No long straddle, o máximo que o investidor pode perder é o valor total pago pelos prêmios das duas opções.
Isso significa que mesmo que o preço do ativo se mantenha estável ou se mova contra a expectativa, a perda é previsível e controlada, tornando a estratégia mais segura.
Flexibilidade na estruturação
O straddle oferece boa flexibilidade, pois pode ser montado com diferentes preços de exercício e vencimentos, de acordo com o perfil do investidor e o cenário de mercado.
É possível, por exemplo, escolher ações com strikes mais próximos do preço atual do ativo para buscar retornos rápidos.
Também dá para optar por aquelas com vencimentos mais longos, se a expectativa for que a volatilidade aumentará com o tempo.
Com isso, o investidor consegue adaptar a estratégia aos seus objetivos.
Lucro com a alta volatilidade
A principal vantagem do straddle é a capacidade de lucrar com grandes oscilações no preço do ativo, independentemente da direção.
Quanto mais expressivo for o movimento, maior tende a ser o lucro, pois uma das opções se valoriza muito acima do custo total da operação.
Proteção de carteira
O straddle também funciona para reforçar a proteção do seu portfólio.
Se você possui ações que podem sofrer variações bruscas de preço, comprar um straddle permite compensar perdas inesperadas.
Ou seja, a estratégia limita impactos negativos de movimentos no mercado.
Simplicidade de execução
Para montar um long straddle, o processo é relativamente simples.
Não é necessário realizar combinações complexas de opções ou cálculos complicados.
Isso torna a estratégia acessível até mesmo para quem está começando a investir em opções.
Contras
Custo inicial elevado
Montar um straddle exige o pagamento simultâneo de dois prêmios: um da call e outro da put.
Isso torna o custo inicial mais alto do que o de estratégias simples, como comprar apenas uma opção.
Por isso, o ativo precisa se movimentar bastante para que o lucro supere esse custo.
Se a variação de preço for menor do que o esperado, o investidor pode não apenas deixar de lucrar, mas também perder o valor pago pelos prêmios.
Perda de valor em mercados estáveis
Mesmo que o custo inicial seja justificado, o straddle sofre com a decadência temporal (theta) — o efeito que reduz o preço das opções conforme o tempo passa.
Se o ativo permanecer estável e não houver aumento na volatilidade, tanto a call quanto a put perdem valor diariamente, tornando difícil recuperar o investimento.
Como construir uma posição straddle?

Por mais que o conceito do straddle seja simples de executar, construir sua posição com a estratégia requer atenção a alguns detalhes.
A seguir, veja o passo a passo para começar a utilizar a estratégia de forma eficiente:
1. Escolha o ativo subjacente
Dê preferência a ações ou ativos que apresentem potencial de alta volatilidade, como antes da divulgação de resultados trimestrais, anúncios regulatórios ou eventos econômicos importantes, por exemplo.
Além disso, o ativo deve ter boa liquidez no mercado de opções. Assim, você pode entrar e sair da posição facilmente, sem grandes perdas no spread.
2. Selecione o strike price (preço de exercício)
O mais comum é escolher o strike at-the-money (ATM), ou seja, o preço de exercício mais próximo da cotação atual do ativo.
Essa escolha maximiza a sensibilidade do straddle às variações de preço, já que o delta das opções tende a se equilibrar próximo de zero, oferecendo maior exposição à volatilidade (vega).
Vale destacar que o investidor não define o strike livremente, mas escolhe entre as opções já disponíveis no mercado.
3. Defina a data de vencimento
Os vencimentos mais curtos oferecem maior alavancagem, pois as opções são mais baratas e reagem de forma intensa às variações do ativo.
No entanto, sofrem mais com o efeito da passagem do tempo (theta).
Já vencimentos mais longos reduzem o impacto da decadência temporal, mas exigem um investimento inicial maior.
Com isso, a escolha deve equilibrar custo, expectativa de volatilidade e prazo para o movimento esperado acontecer.
Assim como no strike, o investidor escolhe entre as datas de vencimento listadas pela bolsa, combinando call e put que expirem no mesmo dia.
4. Calcule o custo total da operação
O custo do straddle é a soma dos prêmios pagos pela call e pela put.
Esse valor representa a perda máxima possível. Ou seja, mesmo que o ativo não se mova como o esperado, o investidor só perde o total investido nos prêmios.
Para que a operação seja lucrativa, o preço do ativo precisa se mover significativamente, para cima ou para baixo, a ponto de superar o custo inicial.
5. Acompanhe a volatilidade e o tempo restante
Após montar o straddle, monitore o comportamento da volatilidade e o tempo até o vencimento.
A operação se beneficia de movimentos rápidos e expressivos no preço do ativo, pois o valor de uma das opções tende a subir de forma acentuada.
Quanto mais o mercado demorar a reagir, maior será a perda causada pela decadência temporal, especialmente se a volatilidade implícita cair.
Importante: o investidor não precisa esperar até o vencimento. É possível encerrar a posição antecipadamente ao vender as duas opções. Seja para limitar perdas antes que os prêmios se deteriorem completamente, seja para garantir o lucro obtido.
Perguntas frequentes
Qual a diferença entre straddle e strangle?
Ambas são estratégias neutras que buscam lucrar com a volatilidade. No straddle, as opções têm o mesmo strike; no Strangle, os strikes são diferentes — a call é mais alta e a put mais baixa, o que reduz o custo inicial, mas exige um movimento maior do ativo para gerar lucro.
Posso ajustar um long straddle se o mercado não se mover?
Sim. Caso o ativo permaneça estável por muito tempo, o investidor pode encerrar a posição antecipadamente para reduzir perdas com a decadência temporal. Outra alternativa é rolar o straddle para um vencimento posterior, ganhando mais tempo para que o movimento esperado aconteça.
O straddle pode ser combinado com outras estratégias?
Pode. O straddle serve de base para estruturas mais complexas, como Iron Butterfly e Iron Condor, que adicionam opções vendidas para limitar o risco e reduzir custos. São combinações que equilibram potencial de ganho e proteção em cenários de volatilidade controlada.
Conclusão
Por fim, o straddle é uma das melhores formas de lucrar com a alta volatilidade do mercado.
Os ganhos podem ser expressivos, as perdas são limitadas ao prêmio pago pelas duas opções e a operação é relativamente simples de executar.
Além disso, você pode usar o straddle para proteger sua carteira de mudanças bruscas inesperadas, minimizando o impacto.
Contudo, sem um bom entendimento de custos, tempo e comportamento da volatilidade, a estratégia pode virar prejuízo.
Por isso, operar sozinho pode ser arriscado, principalmente para quem ainda está se familiarizando com o mercado de opções.
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