Conheça mais sobre renda fixa no exterior

O Brasil é destaque nos investimentos de renda fixa, pois os juros do país são, em média, mais altos. Entretanto, o mercado de renda fixa no exterior é grande e para quem deseja diversificar, é uma alternativa.

Pensando nisso, quais são as principais características dessa classe de ativo?

Fixed Income – 4 weeks – NYSBFI

Por que investir em renda fixa fora do Brasil?

Historicamente os juros no Brasil são mais altos do que nos Estados Unidos. Mas isso se deve ao fato de que o risco do investimento também é maior. Mesmo com a indicação de rebaixamento da Fitch para a nota de crédito de longo prazo americana, passando de AAA para AA+, o mercado dos Estados Unidos possui um risco menor do que o brasileiro. Dessa forma, é importante sempre o investidor avaliar, além do potencial retorno, o risco envolvido. 

Além disso, o investidor deve considerar sempre o cálculo dos juros reais do investimento, ou seja, desconsiderando a inflação. Apesar da onda inflacionária que atingiu o mundo, historicamente a inflação americana é mais baixa, compensando os juros também mais baixos. Hoje o Brasil possui juros reais elevados, mas a tendência é de que seja essa diferença diminua. 

Ademais, de forma análoga aos investimentos em renda variável, a diversificação dentro da classe de ativos da renda fixa é interessante ao investidor brasileiro, seja para buscar novas alternativas, além de reduzir o exposição apenas a ativos brasileiros, ou seja, reduzindo o risco-país da carteira.

Quais são as vantagens de investir em renda fixa fora do Brasil?

Além da diversificação e redução do risco da carteira, a principal vantagem do investimento em renda fixa fora do Brasil é o tamanho do mercado e o número de oportunidades. Apesar de tradicionalmente o Brasil ser lembrado pelos investimento no setor, segundo dados do Fórum Económico Mundial, em 2022 o mercado renda fixa global possuía mais de US$133 trilhões em valor de mercado, sendo que aproximadamente US$51,3 trilhões é proveniente do mercado norte-americano, seguindo do mercado chinês com valor de US$20,9 trilhões. O Brasil é o décimo colocado, com aproximadamente US$2,4 trilhões, ainda distante dos principais países.

Com isso, a liquidez do mercado global é maior do que o mercado de renda fixa brasileiro, sendo os títulos do governo americano considerados como os mais seguros. Os títulos do governo brasileiro e alguns títulos de grandes bancos possuem uma boa liquidez no mercado secundário. Entretanto, o mercado de debêntures entre outros títulos no Brasil possui pouca liquidez, ou seja, em alguns casos o investidor pode ter dificuldade em caso de resgate antes do vencimento.

Pensando ainda no títulos de renda fixa de empresas, os bonds nos Estados Unidos são veículos muito utilizados por grandes investidores, sendo possível comprar e vender títulos de grandes empresas, tais como Apple, Microsoft, Jonhson & Jonhson, entre outras. Cabe destacar que Microsoft e Jonhson & Jonhson são as únicas empresas com rating AAA, hoje acima até mesmo que dos Estados Unidos.

Quais as desvantagens de investir em renda fixa fora do Brasil?

Uma das desvantagens para o investidor brasileiro que deseja investir em renda fixa no exterior ainda é o acesso aos diversos tipos de títulos. Apesar do movimento de abertura do mercado que as corretoras estão realizando, certos investimentos são possíveis apenas a cidadãos americanos, como por exemplo, o títulos do governo americano e os CDs de grandes bancos.

Outro desafio é o valor de entrada, pois muitos dos bonds emitidos por empresas possuem um alto valor inicial de investimentos, podendo ser de US$1.000,00 ou até mais. Algumas corretoras flexibilizam a entrada nesses investimentos, mas é sempre importante o investidor avaliar as taxas por esta facilitação.

Atualmente o melhor caminho do investidor que deseja ter renda fixa internacional em carteira é através dos Exchange-traded funds (ETF), que são fundos passivos e possuem a capacidade de criar uma carteira de renda fixa seguindo alguns fatores que dependem do fundo. A grande vantagem nesse caso são as taxas que mais menores, além de uma liquidez melhor. Entretanto, o investidor terá uma liberdade menor na escolha dos títulos.

Como investir em renda fixa no exterior? Poderia montar um passo a passo para o leitor?

A forma de investir em renda fixa é parecida com o investimento em renda fixa ou variável no Brasil. É preciso abrir conta em corretora internacional, realizar a remessa do valor para dólares e selecionar o ativo desejado. Ressalto a importância de avaliar o ativo escolhido, estudando seus benefícios, riscos, liquidez, impostos entre outros.

Quais são os principais ativos de renda fixa fora do Brasil?

Basicamente podemos separar os investimentos de renda fixa em três tipos:

  • Títulos do governo: são os títulos da dívida do governo americano. Podemos fazer uma relação direta aos títulos públicos (Tesouro Direto);
  • Bonds: são os títulos de dívida de empresas, municípios entre outras agências;
  • Certificates of deposit (CDs): são títulos que as instituições financeiras emitem, cujo vencimento pode variar de seis meses a seis anos. São análogos aos CDB’s emitidos por bancos brasileiros.

Dentro dos títulos do governo (government bonds), que também chamamos de U.S. Treasuries, temos a seguinte divisão:

  • Treasury bills (T-bills): são títulos de curto prazo, com vencimento de até 1 ano;
  • Treasury notes (T-notes): são títulos com vencimento de 2 a 10 anos;
  • Treasury bonds (T-bonds): são títulos com vencimento de 10 a 30 anos;
  • Treasury inflation protected security (TIPS): são títulos com vencimento entre 5 e 30 anos que possuem juros vinculados ao principal índice de inflação dos Estados Unidos, o CPI.
  • Floating Rate Notes (FRN): são títulos menos comuns, cujo vencimento é de 2 nos e possuem uma taxa flutuante, usualmente próxima dos juros americanos.

Os T-bills, T-notes e T-bonds podem ser comparados diretamente com títulos do governo pré-fixados que realizam pagamento semestral. Os TIPS podem ser comparados ao títulos do Tesouro IPCA com pagamento semestral.

Dentro do bonds, os principais são:

  • Corporate bonds: são títulos de dívida que as empresas emitem. Podemos compará-los com as debêntures;
  • Municipal bonds: títulos emitidos por governos estaduais ou locais. Seu acesso é restrito a cidadãos americanos;
  • Convertible bonds: títulos que podem ser convertidos por ações.

Certificates of deposit (CDs)

Os Certificates of deposit (CDs), ou certificados de depósito, são depósitos bancários cujos governo federal garantem, que pagam uma quantia declarada de juros por um período especificado. Os bancos os oferecem e se parecem com os CDBs do Brasil.

Importante ressaltar que a renda fixa funciona de forma um pouco diferente em relação a alguns títulos oferecidos no Brasil. Nos Estados Unidos um título de renda fixa é aquele onde o investidor aplica um determinado valor (o principal), recebendo juros de forma semestral, o que chamamos de cupom, proporcionais aos juros do contrato, garantindo a ele uma “renda fixa”. No dia do vencimento do título o investidor recebe novamente o valor investido.

Outra característica do mercado internacional é que não existe um título igual ao Tesouro Selic. O reajuste é de acordo com os juros ao longo do tempo e o resgate feito a qualquer momento sem perda. O investimento maior próximo são os CDs de curto prazo, títulos do governo de pequeno prazo ou ETF que investem nesses títulos. Os FRN possuem uma dinâmica parecida, entretanto, possuem menor liquidez e prazo de vencimento maior.

Qual a segurança de investir no exterior?

Com relação a escolha dos ativos, é importante sempre a avaliação do perfil de risco do investidor, buscar títulos com vencimento que atendam às suas necessidades e não apenas os que possuem maiores taxas. Taxas muito elevadas são características de títulos de maior risco.

Por fim, assim como no Brasil nós temos o FGC proteção do investidor, nos Estados Unidos existem soluções parecidas. A Securities Investor Protection Corporation (SIPC) é uma corporação sem fins lucrativos cuja lei federal criou em 1970. O SIPC supervisiona a liquidação de corretora que decretam falência, ou que estão com problemas financeiros ou se os ativos de seus clientes desaparecem. Podemos considerá-lo como um seguro oferecido aos clientes da corretora e sua cobertura é limitada a um valor de US$500 mil. Cabe ressaltar que todas as corretoras que fazem negócios com o público investidor devem ser membros do SIPC, algo importante no momento de escolha da corretora.

O Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) é uma agência independente do governo dos EUA que protege o investidor contra perda de seus depósitos em um banco segurado pelo FDIC ou associação de poupança que falir. O valor padrão do seguro de depósito é de US$ 250.000 por depositante.

Para maiores dúvidas e esclarecimentos conte com o time da VG Research, siga a gente nas nossas redes.

Guilherme Morais

Analista CNPI 2682

@guilhermeammorais

Artigos Relacionados

Porque assinar a nossa newsletter?

Notícias Notícias

Os nossos analistas realizam uma curadoria cuidadosa das principais notícias sobre a bolsa de valores e nós te enviamos, por e-mail, a visão da VG Research sobre como isso pode impactar os seus investimentos.

Artigos Artigos

Tenha acesso a artigos completos e detalhados, toda a semana, sobre os principais temas relacionados à investimentos, empresas e economia.

Vídeos Vídeos

Aulas online e gratuitas sobre a bolsa de valores para te ajudar a entender mais sobre o universo das ações e saber tomar melhores decisões com os seus investimentos, sempre com foco em crescimento de patrimônio e aumento da renda passiva.