Periodicamente, o Federal Reserve (Fed) realiza um teste de estresse com os principais bancos para simular se estes seriam capazes de sobreviver a um cenário de estresse, como uma crise econômica. Algumas perguntas podem ser feitas:
i) “O que aconteceria se a taxa de desemprego aumentasse para 5% em um determinado ano?”;
ii) “O que aconteceria se o aperto monetário se prolongasse?”;
iii) “O que aconteceria se o mercado de ações caísse mais de 50%?”.
Objetivo do teste
Com base na análise de diferentes cenários, o Federal Reserve testa a solidez do sistema bancário, identifica nomes mais resilientes e destaca possíveis pontos de risco.
O teste de estresse anual do Fed determina quanto capital os bancos podem devolver aos acionistas por meio de recompras e dividendos, tendo sido implementado após a crise financeira de 2008.
Resultado do teste
De acordo com o relatório mais recente divulgado pelo Federal Reserve, todos os 23 bancos norte-americanos incluídos no teste de estresse anual resistiriam a um cenário de recessão severa, mesmo emprestando para consumidores e empresas.
Os bancos conseguiriam manter os níveis mínimos de reserva de capital apesar de US$541 bilhões. Isso em perdas projetadas para o grupo dos 23 bancos em um cenário apontado como “catastrófico”, enquanto forneceriam crédito à economia neste cenário hipotético de recessão.
Após o estresse verificado no sistema bancário em março e abril, com a falência de três bancos regionais (Silicon Valley Bank, Silvergate e Signature Bank), os bancos norte-americanos estão sob olhares atentos de órgãos reguladores. Entretanto, o teste não engloba bancos regionais de pequeno porte, abrangendo apenas players regionais de grande porte como o PNC e o Truist Financial.
O teste abrange gigantes como JPMorgan Chase, Wells Fargo e Bank of America, além de outros bancos internacionais com operações relevantes, como o Deutsche Bank. Os números são promissores. Eles reforçam a ideia da “solidez do sistema bancário norte-americano” (em linha com “sound and resilient” que ouvimos em março, nas falas do Powell). Porém, o sinal vermelho para os bancos regionais ainda permanece.
A imagem a seguir ilustra o índice de Capital Principal Nível 1 (CET1) projetado para o cenário de recessão severa – quanto maior, melhor. No teste, o Charles Schwab, Deutsche Bank USA e TD Group foram os destaques positivos. Por outro lado, bancos regionais como Truist, Citizens e M&T apresentaram os menores níveis de capital, oscilando entre 6% e 8%. Os níveis relativamente baixos podem ser um fator utilizado para promover uma maior exigência de capital pelos órgãos reguladores para os bancos regionais, em particular.
Lucas Schwarz