Até pouco tempo investir em dólar foi um tema restrito a poucos investidores, pois as barreiras para ter acesso ao mercado externo eram altas.
Seja pela dificuldade de abrir uma conta em corretora internacional e da língua inglesa ou pela necessidade de um patrimônio maior.
Entretanto, o investimento em dólar agora é considerado tão simples quanto investir em ativos brasileiros.
Atualmente, temos diversas opções de corretoras especializadas para investidores brasileiros, com assistência e sites em português.
Além disso, a barreira financeira não existe mais. Com poucos reais já é possível investir em dólar.
Ou seja, investir em dólar se tornou algo acessível a qualquer investidor. De forma simples e rápida você pode ter acesso ao maior mercado financeiro do mundo para proteger o patrimônio ou aumentar seus ganhos.
Veja abaixo as vantagens, riscos e, principalmente, como começar a investir lá fora!
Por que investir em dólar?
Existe uma série de razões pelas quais investir em dólar vale a pena. Entre as principais, estão:
Proteção cambial
O real é uma das moedas mais voláteis entre as economias emergentes. Diversos fatores contribuem para isso, como a instabilidade política, inflação e juros altos, por exemplo, e reduzem o poder de compra do brasileiro com o tempo.
Investir em dólar, portanto, é uma forma de proteger seu patrimônio contra essas oscilações. Quando o real se desvaloriza, os ativos dolarizados tendem a se valorizar, equilibrando o desempenho da carteira.
Em períodos de crise, essa proteção se torna ainda mais evidente, já que o dólar costuma se fortalecer frente ao real.
Diversificação geográfica
Ao investir em dólar, você deixa de depender apenas do desempenho da economia e das políticas brasileiras.
Isso significa que eventos locais, como recessão, alta de juros ou crises fiscais, por exemplo, terão menor impacto na sua carteira.
Em vez de ter 100% dos seus ativos atrelados ao Brasil, você diversifica geograficamente ao ter exposição a mercados globais e a moedas fortes.
Maior e melhor mercado financeiro do mundo
Uma das maiores vantagens de investir em dólar é o acesso ao maior e mais avançado mercado financeiro do mundo.
É possível investir nas maiores e mais inovadoras empresas existentes lá, como líderes de tecnologia ou consumo.
Assim também, a economia americana é muito mais estável e de maior confiança do que a brasileira.
O dólar é considerado uma reserva de valor global há décadas.
É a moeda mais utilizada em transações comerciais internacionais, serve de lastro para muitas das reservas mundiais e é o principal padrão de precificação de commodities.
Ademais, o investidor tem a oportunidade de gerar renda em dólar, pois ao acessar investimentos internacionais — como REITs e ações americanas com dividendos — pode construir uma renda passiva na moeda mais forte do mundo.
Como investir em dólar?

Há diferentes caminhos e classes de ativos que você pode utilizar para se expor ao dólar.
De fato, a escolha dos ativos depende do perfil e objetivos do investidor.
Contudo, também é importante separar as aplicações no exterior em duas categorias:
- investimento em dólar no Brasil;
- investimento em dólar direto no mercado internacional.
Investimento no Brasil
No mercado brasileiro, temos acesso ao investimento em dólar de forma indireta.
Chama-se “indireta” porque o investidor não tem seus ativos diretamente em dólar.
No caso, as aplicações permanecem em real, mas seus preços alteram de acordo com a mudança do preço do dólar.
Além disso, como a principal forma de investimento no Brasil é através de fundos ou BDRs, a detenção do ativo também é indireta.
Isso porque o dono do ativo é a gestora do fundo. Assim, o investidor detém um ativo lastreado em dólar.
Apesar de trazer benefícios, investir em dólar indiretamente no Brasil não é o ideal.
Sobretudo, porque o investidor não detém, de fato, dólares em sua carteira. Ou seja, os ativos não são dolarizados.
Dessa forma, existe o risco de conversibilidade, em que os ativos permanecem cotados em reais e o investidor permanece com os riscos inerentes à moeda brasileira.
Isso acontece quando o governo impede a livre troca de sua moeda por uma moeda estrangeira forte (como o dólar) ou impõe taxas de câmbio desfavoráveis.
Investimento diretamente no exterior
Investir em dólar diretamente no exterior é o recomendado para evitar qualquer problema.
Para isso, o primeiro passo é converter o dinheiro a ser aplicado para a moeda americana.
Em seguida, envie o valor de aporte para uma corretora internacional e, então, compre seus ativos preferidos.
Dessa maneira, você terá mais autonomia e acesso direto ao mercado americano.
E não tem nada de complicado. Hoje em dia, o processo é simples e muito parecido com o das corretoras nacionais.
Assim que começar a investir em dólar de forma direta, você ganha acesso ilimitado aos melhores produtos do mercado exterior, incluindo:
- Ações de empresas americanas e de diversos países;
- ETFs listados nos EUA (como SPY, QQQ, VTI, VNQ);
- ETFs listados na Europa (como EUNL ou C50p);
- Títulos públicos americanos (Treasuries);
- Bonds (títulos de dívidas das empresas de todo o mundo);
- Fundo de ações e de renda fixa;
- REITs (fundos imobiliários americanos).
Além disso, conta com as vantagens exclusivas do modelo de investimento, incluindo:
- receber dividendos em dólar;
- custos mais baixos;
- segurança de ser dono dos ativos dolarizados.
Passo a passo para investir em dólar
Seja qual for a forma de exposição escolhida, siga este passo a passo para investir em dólar de maneira eficiente:
- Defina seu objetivo: proteger o patrimônio, diversificar ou buscar ganhos em dólar?
- Escolha o tipo de exposição: fundos, BDRs, ETFs ou conta no exterior.
- Pesquise as corretoras: compare taxas de câmbio, spreads e custos de manutenção.
- Comece pequeno: é melhor ganhar confiança com valores menores.
- Otimize a estratégia: acompanhe os resultados e ajuste a carteira periodicamente.
Riscos do investimento em dólar
Obviamente, investir em dólar não é isento de riscos.
O preço do dólar varia todos os dias, sendo que em algumas janelas o real pode se valorizar mais.
Entretanto, no longo prazo e na maior parte das janelas, quem valoriza é o dólar.
Só que mais importante do que avaliar a variação do preço do dólar, é diversificar e equilibrar sua carteira. Além de acompanhar os riscos que cada ativo traz especificamente.
As ações tendem a dar maior volatilidade para a carteira, enquanto ativos de renda fixa tendem a ser mais previsíveis.
Mas novamente: o maior risco do investidor de longo prazo é o de não ter dólar em sua carteira de investimentos. O investimento direto já te garante uma maior proteção.
Quanto do patrimônio dolarizar?
Não há um percentual fixo que você deve valorizar, até porque o tamanho do montante de investimento em dólar é uma decisão pessoal.
Mas para você ter uma referência, um estudo realizado pela FGV revelou que, em média, o câmbio impacta a cesta de consumo dos brasileiros em 16% e 18%, a depender da faixa de renda.
Desse modo, a divisão e a exposição para cada faixa de renda é:

Então, de modo geral, podemos considerar que o investimento mínimo que o brasileiro deveria ter em dólar é cerca de 20% da carteira.
Outro ponto relevante é que, mesmo sem investir diretamente no exterior, as classes mais baixas acabam mais expostas ao dólar.
Isso acontece porque vários itens que consomem no dia a dia, principalmente produtos de exportação e commodities, são cotados em dólar e têm peso maior em seus orçamentos.
Tributação ao investir em dólar
Em 2024, a tributação para investimentos no exterior foi alterada. As regras e alíquotas atualizadas são:
- Ganhos de capital: são tributados com alíquota de 15%. Vale dizer que a venda já é considerada como fato gerador, isto é, o imposto incide mesmo que o valor continue aplicado em dólares.
- Compensação de ganhos: a nova regra prevê a possibilidade de compensar ganhos de capital com vendas de ativos no prejuízo.
- Dividendos: os dividendos são tributados em 30% na fonte. Assim, não existe a necessidade de pagar impostos sobre os dividendos. É necessário apenas fazer a declaração.
Além disso, o cálculo e o pagamento do imposto sobre investimentos no exterior deixaram de ser mensais.
Agora, todos os ganhos e perdas devem ser informados na declaração anual de Imposto de Renda, e o pagamento é feito uma vez por ano, sem necessidade de carnê-leão.
Conclusão: pense globalmente, invista em dólar
Por fim, investir em dólar é um movimento natural para quem quer deixar de depender apenas do Brasil e aproveitar o potencial de economias mais estáveis, com empresas e setores líderes em inovação e crescimento.
Mais do que uma estratégia financeira, é uma forma de proteger o seu futuro em diferentes cenários econômicos.
Comece aos poucos, aprenda sobre os instrumentos disponíveis e mantenha uma visão de longo prazo!